SOLOS MAIS FÉRTEIS
Ao revolver, irrigar, adubar e
semear a terra, o homem pré-histórico iniciava sua interferência na Química do
solo, em busca de mais alimentos. A revolução agrícola do Neolítico levou ao
surgimento de sociedades sedentárias, reunidas em vilarejos, que modificaram
radicalmente o ambiente. O desenvolvimento da agricultura possibilitou a
ampliação da oferta de alimentos e a domesticação de plantas e animais. Hoje,
fertilizantes químicos corrigem deficiências nos solos, aumentando sua
produtividade.
Um dos grandes progressos na
agricultura ocorreu aqui mesmo no Brasil. Johanna Dobereiner, pesquisadora do
Embrapa, descobriu que bactérias, com as da família Rhizobiaceae, eram capazes
de transformar o nitrogênio existente no ar em formas que podiam ser absorvidas
por plantas e animais. A técnica de fixação biológica do nitrogênio fez com que
o Brasil se tornasse uma das maiores potências agrícolas e possibilitou que
milhões de pessoas tivessem acesso a alimentos mais baratos e saudáveis.
Outro avanço importante foi o
desenvolvimento da técnica de encapsulamento, que permitiu a liberação gradual
dos adubos, evitando, assim, o excesso de fertilização, danoso para o ambiente.
A REVOLUÇÃO VERDE
As possibilidades são enormes:
plantas com resistência ao frio, à seca ou à salinidade ou capazes de produzir
compostos farmacêuticos. Um exemplo é o arroz dourado, bioquimicamente alterado
para produzir provitamina A, combatendo a cegueira e outras doenças.
No esforço para produzir
alimentos suficientes para nutrir os novos
bilhões de habitantes que surgirão na Terra nos próximos anos,
destacam-se os pesticidas, que protegem as plantações dos danos causados por
fungos, insetos e outras pragas, bem com destroem mosquitos e os vetores de
doenças humanas. Atualmente, a Química dedica-se à síntese de novos compostos,
mais econômicos e menos tóxicos para a saúde e o ambiente.
Há milhares de anos, o homem vem
domesticando animais e vegetais. Num processo longo e contínuo, sociedades de
diferentes regiões geográficas dedicaram-se ao melhoramento de espécies animais
e vegetais, atuando sobre a variabilidade pré-existente.
O desenvolvimento das técnicas de
engenharia genética tem permitido a
melhoria de espécies vegetais e animais, o que possibilitou o aumento da
produção e o surgimento de variedades de maior valor nutritivo. Hoje já se desenvolveu
plantas transgênicas resistentes a herbicidas e a pragas. A tecnologia do DNA
recombinante vem sendo usada no enriquecimento de vegetais, aumentando, por
exemplo, seu valor protéico.
SABOR COM SAÚDE
A Química tem desempenhado um
papel importante na busca por alimentos saudáveis e, ao mesmo tempo,
apetitosos. Avanços nas técnicas de fabricação permitiram a criação de
alimentos processados e industrializados. Para isso, foi fundamental o
desenvolvimento de aditivos, como corantes, estabilizantes e aromatizantes.
O entendimento da bioquímica dos
alimentos revolucionou a nutrição, oferecendo soluções para deficiências
dietéticas e a desnutrição causada por falta de vitaminas e possibilitando a
fabricação dos alimentos enriquecidos. Permitiu ainda o desenvolvimento de
compostos protéicos, contribuindo para a qualidade de vida de idosos,
esportistas, crianças e pessoas com alergia ou doenças metabólicas.
Outra importante contribuição
para a saúde foi a síntese dos adoçantes artificiais, como a sacarina e o
aspartame, tornando mais saborosa a alimentação de diabéticos e outras pessoas
que precisam controlar a ingestão de açúcar.
A VARIEDADE NAS PRATELEIRAS
Análises químicas permitem o
controle de qualidade dos produtos à venda, mediante testes rápidos que
detectam a presença de micróbios contaminantes e evitam epidemias alimentares.
As embalagens também ajudam a
preservar os alimentos durante a preparação, o transporte e a venda. Materiais
tradicionais, como vidro, papel e metal, vem sendo substituídos por polímeros,
como o filme plástico e o PET, que evitam a entrada do oxigênio, umidade e
micro-organismos. Recentemente, surgiram as embalagens inteligentes, produzidas
a partir de bioplásticos e biossensores, e capazes de sinalizar se o alimento
está contaminado ou se está pronto para ser ingerido, indicando seu grau de
amadurecimento.
Uma das grandes preocupações da
sociedade é a conservação dos alimentos. Ao longo dos tempos, foram empregados
diferentes métodos , como a defumação, secagem ao sol, salgamento, fermentação,
pasteurização, entre outros. O desenvolvimento dos gases refrigerantes mudou o
conceito de preservação, possibilitando o armazenamento por longos períodos e o
transporte à longa distância de alimentos frescos, com segurança. Novas tecnologias
aumentam o tempo de duração destes produtos nas prateleiras dos mercados, com a
secagem a frio (liofilização), o congelamento profundo, a irradiação, o
congelamento de alimentos pré-cozidos e o preparo de concentrados líquidos.
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